Ignore o medo nas Apostas Esportivas
A ex-patrocinadora de São Paulo e Flamengo é conhecida pelas odds turbinadas. Seu layout incrível e fácil de usar agrada apostadores novos e experientes.
Artigo de Rodrigo Disconzi
"Para que a vida seja realmente divertida, o que você teme deveria coincidir com o que você deseja". (Nassim Taleb, pensador, trader, probabilista, escritor.)
Aversão à perda (Loss Aversion): O Dr. Dobelli nos conta que “no tempo das cavernas, se ocorresse um erro tolo no dia-a-dia, morria-se. Muitas possibilidades levavam alguém a ser eliminado do “jogo da vida” – falta de atenção na caça, um tendão inflamado, uma expulsão do grupo. Pessoas desatentas ou que corriam muitos riscos morriam antes de poder passar seus genes para a geração seguinte. Os que restavam, os cuidadosos, sobreviviam. Somos descendentes deles.”
Por isso damos mais valor às perdas do que aos ganhos.
Está empiricamente provado que, do ponto de vista emocional, uma perda vale aproximadamente o dobro de um ganho da mesma proporção. A ciência chama isso de aversão à perda.
O medo de perder alguma coisa motiva mais as pessoas (leva à ação) do que o pensamento de ganhar alguma coisa de igual valor.
Quem nunca se viu em situação como:
Você ganha pequenas apostas durante a tarde, mas a aposta de maior confiança e valor está de noite. Você vai lá e cancela a bet, afinal não quer estragar o teu dia bom e quer ir dormir em paz de espírito.
Afinal a bet era boa ou não?
Até podia ser, porém o medo de estragar o dia todo por uma aposta parece maior que a aposta de valor.
Esse sentimento vai se acumulando...meses, anos.
No long run, essas fugas por medo de perder vão pesar no bolso, gerando maiores prejuízos do que terminar ganhando em um dia específico. Ou seja, é melhor fazer a bet e não se importar com os resultados anteriores do dia.
O certo seria arriscar mais quando estiver ganhando (afinal, é lucro mesmo) e ser cuidadoso quando estiver perdendo (stop loss, diminuir stake para preservar a banca e não correr risco de quebra).
Ainda sabendo disso, muito apostador faz o contrário: aumenta valores perdendo (para recuperar logo) e diminui quando está ganhando (para preservar o lucro). É o Loss Aversion em ação.
A lógica do Teorema de Kelly, muito usado nas apostas esportivas, vai nessa direção e, ainda que pareça confuso aplicar os cálculos do Teorema de Kelly, recomendamos seu estudo e compreensão.
O medo de perder não costuma afetar apostadores iniciantes. Claro que nas primeiríssimas bets o novato estará meio perdido e não saberá como, onde, quando, em quem e nem quanto apostar. Esse receio inicial passará e logo ele penderá ao excesso de confiança, devido à motivação pela nova atividade e possibilidades de ganhos à sua frente.
Outro ponto interessante é que o dinheiro recém depositado parece não ter muito valor para os apostadores iniciantes. Eles agem como se caso tudo der errado não faz mal, pois basta depositar de novo. É claro que essa atitude pode se tornar uma bola de neve.
Já o apostador que conseguiu superar a penúria e os primeiros desafios terá uma banca inicial construída por ele mesmo e não com dinheiro de depósitos largos. Esse apostador vai dar muito mais valor ao seu dinheiro e não aceitará perdê-lo com a mesma facilidade de um iniciante.
O Loss Aversion costuma afligir esse apostador que já atingiu um certo nível de equilíbrio tanto financeiro quanto emocional. Para atingir esse estágio de maior consistência o apostador já fez muitas besteiras, quebrou muitas bancas e de todas as formas não quer que isso aconteça novamente.
Pode ser que o medo de perder nesse momento seja uma reação ao acúmulo de experiências negativas sofridas. Caso o apostador não consiga aceitar as derrotas, esse acúmulo de sensações ruins irá minar sua confiança a ponto do medo de perder o impedir de seguir melhorando.
Mas qual o problema do medo de perder em si? Provavelmente seja o de tomar decisões irracionais motivadas por ele.
Nosso cérebro costuma aumentar o perigo de certas coisas para nos proteger dos riscos envolvidos.
Quando apostamos, o medo de perder costuma ser muito maior do que realmente é. Nós notamos isso claramente em apostas ao vivo em que não estamos vendo o jogo na TV, mas sim escutando no rádio, pois na voz do narrador todo ataque do adversário é quase um ataque cardíaco. Acompanhar o jogo pelos “radares” de stats também nos deixa à beira de um ataque de nervos a cada ataque do rival, principalmente quando o cursor não se move no setor de ataque e o mercado fecha. Os poucos segundos disso duram uma eternidade.
O apostador experiente não se abala por uma bet perdida em si, nem fica preocupado de forma desnecessária, pois ele sabe que o que conta é o contexto geral, o tal longo prazo. E para obter lucros no longo prazo, é necessário tomar as decisões movido pela razão e não pelo medo ou pelo excesso de confiança.
Teoricamente a Loss Aversion nos ajuda a evitar betar de forma inconsequente, tendo como efeito colateral um medo desproporcional, impedindo-nos de calcular risco x benefício de forma eficiente.
Até mesmo tentar recuperar uma bet perdida é uma forma de Loss Aversion. Não aceitamos a perda do nosso dinheiro e reagimos mal por estarmos abalados.
Não é fácil propor solução e remédio que cure esse mal de vez por todas. Algumas formas de ir combatendo esse mal é testando e medindo resultados. Comece evitando de qualquer forma o cashout ou cobrir apostas e no fim do mês veja quantos jogos deram certo ou errado com essa postura. Os números e a informação exata te darão a confiança de que você estará agindo corretamente.
A finalidade do apostador é correr o risco de perder em troca da chance de ganhar. Se ele não aceitar isso, ele não deveria estar apostando. Isso explica porque muita gente só aposta nos favoritos, deixando passar boas oportunidades nos underdogs ou handicaps positivos. Outros acabam optando por bets em odds menores, Draw No Bet, linhas de handicaps ou Spreads menores, tudo pela "sensação" de risco menor.
Como apostadores não devemos nos preocupar em procurar a opção menos arriscada. Em vez disso devemos identificar onde está o valor. Isso significa avaliar a assimetria entre o risco e a recompensa e investir nossa grana quando o lucro potencial superar o risco projetado.