Brasileiros gastaram R$13,6 bi em sites de apostas internacionais no Q1 de 2023

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Josias Pereira

Brasileiros gastaram R$13,6 bi em sites de apostas internacionais no Q1 de 2023

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Segundo estatísticas de balanço de pagamentos divulgadas pelo Banco Central, as remessas de brasileiros ao exterior nos sites de apostas esportivas chegaram a cerca de US$ 2,7 bilhões (R$ 13,6 bilhões), apenas nos três primeiros meses de 2023.

Desse total, aproximadamente US$ 600 milhões (R$ 3 bilhões) se referem à remuneração paga aos sites estrangeiros e US$ 2,1 bilhões (R$ 10,6 bilhões) são os recursos para compor os fundos que são rateados entre os vencedores das apostas. Ainda, retornaram ao Brasil cerca de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,6 bilhões), sob a forma de transferências de prêmios para os vencedores das apostas que residem dentro do território nacional. Se esse ritmo for mantido até o final de 2023, as transferências anuais podem chegar perto de US$ 11 bilhões (R$ 55,6 bilhões).

Desde o início do ano, as estatísticas do balanço de pagamentos passaram a exemplificar, ainda que de forma não tão precisa, os valores que transitam nas apostas internacionais feitas por brasileiros. Com a entrada em vigor da nova lei cambial, o Banco Central passou a exigir que esses recursos fossem informados nas estatísticas com um código diferente, o que permite uma ideia mais aproximada desses valores.

Vale lembrar que, até o final de 2022, essas apostas eram contabilizadas para fins de estatísticas de balanço de pagamento, em conjunto com as compras de pequeno valor. Todas essas compras somaram, no ano passado, US$ 5,012 bilhões (R$ 25,3 bilhões).

Já a partir de janeiro deste ano, os valores transitados nos sites de apostas internacionais passaram a ser contabilizados em duas contas diferentes. Na primeira delas, são contabilizadas as remessas a título de remuneração das empresas que organizam as apostas. Nessa mesma conta, onde os registros são chamados de “serviços culturais, pessoais e recreativos”, são registradas outras operações. Sendo assim, não é possível saber com exatidão o volume de remessas para os sites de apostas.

Entretanto, é possível projetar um valor aproximado dos rendimentos, considerando o crescimento das remessas ocorridas entre o primeiro trimestre (Q1) de 2022 e os três primeiros meses de 2023. Pelos registros, houve um aumento de US$ 587 milhões (R$ 2,97 bilhões) entre um período e o outro, já que passou de US$ 79 milhões (R$399,8 milhões) no Q1 de 2022 para US$ 666 milhões (R$ 3,37 bilhões) no Q1 de 2023. Boa parte dessa diferença pode ser explicada pela contabilização da remuneração dos sites de apostas.

Além disso, nesse período, também houve um crescimento de US$ 104 milhões (R$ 526,3 milhões) de recursos vindos do exterior, o que pressupõe uma ligação com a remuneração de empresas brasileiras que prestam serviços de apostas para fora do país.

Já a segunda conta, que contabiliza os fluxos de apostas e que fica entre a renda secundária, é chamada de “outras transferências”. Aqui entram as remessas para o exterior que vão compor o total que será dividido entre os vencedores das apostas. Assim como no primeiro exemplo, nesta conta também há outras remessas que transitam, como doações internacionais de recursos. Sendo assim, também não é possível dizer com exatidão o valor exato relacionado às apostas.

Contudo, considerando a variação dos fluxos entre os três primeiros meses de 2022 e o primeiro trimestre de 2023, as remessas enviadas pelos brasileiros ao exterior nos sites de apostas cresceram US$ 2,129 bilhões (R$ 10,7 bilhões). O valor passou de US$ 195 milhões (R$ 986,8 milhões) no Q1 do ano passado, para US$ 2,320 bilhões (R$ 11,7 bilhões) no Q1 desse ano. Sendo assim, vale ressaltar, os brasileiros transferiram do país cerca de R$ 10,7 bilhões para os sites de apostas formarem o valor que é rateado entre os vencedores.

Por outro lado, desse valor, entraram no país cerca de US$ 1,7 bilhão (R$ 8,6 bilhões) de prêmios, recebidos por residentes no território nacional. Considerando as entradas e as saídas, o Brasil registra um déficit de cerca de US$ 930 milhões (R$ 4,7 bilhões) no Q1 nos sites de apostas estrangeiros.

Caso essas apostas fossem feitas em sites regulamentados no Brasil, vale destacar, parte desse montante seria obrigatoriamente destinado à investimentos no país, já que a Lei 3.756 de 2018 obriga repasses de 0,82% ao Ministério da Educação e 2,55% ao Fundo Nacional da Segurança Pública.

(Foto: Pexels/Pixabay)