A Esportes da Sorte chegou com estardalhaço, grandes patrocínios e muito marketing. Mas acabou nas páginas policiais e seu dono foi preso. Compensa?
A Esportes da Sorte chegou com estardalhaço, grandes patrocínios e muito marketing. Mas acabou nas páginas policiais e seu dono foi preso. Compensa?
Em depoimento "circense", Virgínia diz não se arrepender de publicidade de bets e nega receber por perdas
A CPI das Bets recebeu nesta terça-feira (13) a influenciadora, apresentadora e empresária Virgínia Fonseca. Ela foi convocada para depor como testemunha a respeito dos trabalhos de influenciadores na promoção de casas de apostas e jogos de azar online. A oitiva movimentou as redes sociais, já que apresentou momentos cômicos e até tragicômicos no Senado Federal.
Questionada pela senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS) se havia algum tipo de arrependimento de sua parte por promover tal tipo de conteúdo para pessoas fragilizadas pelo vício em apostas, Virgínia destacou sua consciência limpa com a publicidade promovida e ressaltou que não tem como ajudar seguidores que pedem socorro.
"Acho que elas pedem socorro para a senhora (Soraya Thronicke) porque a senhora tem o poder de fazer alguma coisa. Eu não tenho o poder de fazer nada. Eu não tenho... Então, aí, tá complicado", declarou a influenciadora.
"Olha, senadora, eu não me arrependo de absolutamente nada do que já fiz na minha vida. Acredito que tudo serviu de ensinamento. Então, eu fiz e, hoje, estou aqui depondo para colaborar com vocês e espero que ajude", acrescentou Virgínia Fonseca.
Teve bora pra cima, copo rosa, microfone confundido com canudo e pedido de vídeo
A oitiva da influenciadora já começou, digamos, de forma espalhafatosa. Virgínia chegou à CPI com uma blusa com o rosto de sua filha e, ao apresentar-se aos parlamentares, soltou uma pérola que arrancou sorrisos dos presentes.
"Quero agradecer a oportunidade de fazer isso, porque tem muitas coisa que a gente não pode falar na internet, né, que a gente não tem a liberdade de falar. Acredito que vou poder falar aqui hoje, estou muito grata. Que Deus abençõe nossa audiência, bora pra cima!", disse Virgínia.
Chamou atenção ainda o copo Stanley Rosa que acompanhou a influenciadora. Ela chegou até a confundir o microfone do Senado com o canudo do utensílio. Mas o depoimento ainda teve o constrangedor momento onde o senador Cleitinho Azevedo (Republicanos-MG) finalizou sua fala para pedir um vídeo à influenciadora. O parlamentar foi criticado pelo comportamento.
Virgínia reforça que sempre alertou seguidores
Apesar das críticas em relação à exposição do conteúdo de apostas, Virgínia disse aos senadores que sempre procurou informar seus seguidores do risco dos jogos online.
"Quando eu posto, sempre deixo muito claro que é um jogo, que pode ganhar e pode perder. Que menores de 18 anos são proibidos na plataforma. Se possui qualquer tipo de vício, o recomendado é não entrar. É para jogar com responsabilidade. Estou falando por mim. Não sei como os outros influenciadores fazem. Eu sempre deixo claro. Tudo isso que me passaram, eu falo. Normalmente, eu faço três stories. Em dois, eu falo, e no outro mostro como joga e tudo mais (...) O que for para melhorar, é só passar para mim que eu faço como tiver que ser feito". declarou Virgínia.
Sem cláusula de "desgraça alheia"
A influenciadora, apresentadora e empresária negou que tenha estabelecido qualquer tipo de contrato com a Esportes da Sorte onde faturava 30% sobre a perda de dinheiro dos apostadores, a chamada cláusula de "desgraça alheia".
"Eu fechei o meu contrato com a Esportes da Sorte e esse valor que eles me pagaram, se eu dobrasse o lucro deles, eu receberia 30% a mais da empresa. Em momento algum, sobre perda dos seguidores. Meu contrato não tem nada de anormal (...) Esse valor nunca foi atingido, nunca recebi um real a mais do que meu contrato de publicidade que fiz por 18 meses", reforçou.
Virgínia admite que vídeos de apostas são feitos em contas da plataforma
Em determinado momento do depoimento, Virgínia Fonseca reconheceu que os vídeos onde aparece apostando são feitos em plataformas encaminhadas pela empresa. Ela não afirmou que seriam os chamados "demos", plataformas de demonstração com ganhos especialmente preparados para trazer uma falsa sensação de lucro certo, mas admitiu que usava contas diferentes das que são fornecidas aos apostadores comuns.
A influenciadora não quis expor detalhes do contrato atual que possui com a Blaze ou dos valores recebidos do Esportes da Sorte, pela presença de cláusulas de confidencialidade. Apesar disso, ela se comprometeu a fornecer todos os contratos para análise da CPI. Atualmente, Virgínia afirmou manter apenas a conta de apostadora na Blaze.