Estudo sobre valores do Bolsa Família em apostas pode estar sujeito à falhas, afirma BC
Em contraponto ao levantamento que apontou que 5 milhões de pessoas beneficiárias do programa Bolsa Família enviaram R$ 3 bilhões via Pix a plataformas de apostas no mês de agosto, divulgado em 24 de setembro, o Banco Central (BC) afirmou que não há garantias de que o estudo não esteja sujeito a falhas.
Ainda, o BC afirmou não ter produzido documentos preparatórios para a elaboração da nota técnica. Cabe destacar que executivos do setor de apostas levantaram questões sobre o relatório, que teria deixado lacunas, como, por exemplo, não levar em conta o valor devolvido em prêmios. Além disso, o estudo não considerou os valores que ficam nas plataformas à disposição dos apostadores, por, segundo o BC, não ter acesso a esse tipo de informação.
De acordo com levantamento contratado pelo setor de apostas, beneficiários do Bolsa Família gastaram não R$ 3 bilhões, como afirmou o levantamento do BC, mas R$ 210 milhões nas plataformas de apostas em agosto. Segundo o BC, foram identificados R$ 21,1 bilhões em apostas em agosto via Pix, sendo R$ 20,8 bilhões recebidas por 56 casas de apostas.
A própria autoridade monetária afirmou que o mapeamento que identificou os valores recebidos pelas possíveis casas de apostas, também considerou intermediárias de pagamentos. Ou seja, empresas que não podem ser consideradas casas de apostas. Ainda, o BC destacou que “não há garantia de que a identificação não esteja sujeita a falhas”.
“Além disso, como se trata de intermediários, é, por vezes, difícil precisar o beneficiário final da transação. Dessa forma, a potencial divulgação da lista de empresas consideradas no estudo como bet pode trazer prejuízo comercial a empresas que potencialmente tenham sido indevidamente identificadas ou tendo sido atribuído um montante relacionado a atividade de bets diferente do real”, afirmou o BC, em nota, reproduzida pelo Jornal de Brasília.
Questionado sobre a metodologia do estudo, o Banco Central afirmou que utilizou dados da base de pagamentos Pix e considerou as informações de beneficiários do Bolsa Família como sexo, idade, e se o indivíduo é ou não chefe de família. Ou seja, os números podem não ser tão precisos.
“Ressaltamos que não foi extraído nenhum dado individualizado que permitisse a identificação do perfil mais detalhado dos participantes do Bolsa Família”, destacou o BC.
(Foto: Markus Winkler/Pexels)