Ex-jogador do Bahia relata ser viciado em apostas: "Perdi minha carreira"
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Na última semana, o atacante Paulo Henrique Athanazio, o Dodô, ex-Campinense e Bahia, utilizou suas redes sociais para dar um depoimento emotivo e sincero sobre algo que tem afligido sua vida: o vício em apostas esportivas. Atualmente sem vínculo com nenhum clube de futebol, ele ressaltou que jamais participou de qualquer esquema de manipulação, mas o problema transformou sua rotina.
"Sempre fui sorridente, alegre e brincalhão. Desde 2022, eu comecei a conhecer o mundo das apostas. Nunca fiz manipulação de resultado, graças a Deus. Mas eu gostava de apostar, não era jogo do Tigrinho, era jogo de futebol”, disse Dodô, em um dos trechos do vídeo.
O vício em apostas consumiu suas finanças, arruinou seus relacionamentos e o fez perder tudo em dívidas contraídas pelo jogo.
"Quando fui ver estava distante do relacionamento com a mãe da minha filha, atualmente não tenho contato com minha mãe, irmãs. Perdi meu apartamento, carro, minha carreira. Se eu jogar um campeonato amador hoje, o dinheiro que pego é para pagar uma dívida", acrescentou o jogador.
Dodô foi contratado pelo Campinense para a disputa do Campeonato Paraibano, mas entrou em campo em apenas duas oportunidades, sendo dispensado posteriormente. Além da equipe paraibana e do Bahia, o atacante possui passagens por Democrata, Ferroviária, Nacional Uberaba e outras equipes.
História se repete no futsal
O depoimento de Dodô não é incomum no ambiente esportivo. Recentemente, Williams Oliveira, o Vassoura, multicampeão no Futsal, revelou história similar durante participação em um podcast.
"Jogo desde os 14 anos. Perdi casa, carro e ano passado procurei tratamento [após perceber que estava insustentável]. Se Deus perguntasse o que eu tiraria da minha vida, eu tiraria o jogo de apostas. Você não perde só o dinheiro. Perde tempo, família. Não é fácil", lamentou o jogador, 39 anos, que atualmente segue sua carreira atuando pelo Atlético Piauiense.
"Eu cresci vendo minha mãe jogar jogos de azar. Não é fácil. A galera fala assim: mas poxa, por que você é viciado? Eu sou um cara sozinho no mundo, eu não tenho pai, não tenho mãe, não tenho ninguém. Então, acontece qualquer coisa comigo, só tem eu para resolver", contou Vassoura, campeão nacional com o Pato e que disputou a Copa do Mundo de Futsal de 2016 pelo Azerbaijão.
Importância de reconhecer o vício e buscar ajuda
Reconhecer os sinais de uma compulsão é algo desafiador. Muitas pessoas utilizam os jogos como uma fuga de conflitos internos ou na esperança de dinheiro fácil. Mas a situação se agrava quando atinge um nível de compulsão que passa a afetar áreas importantes da vida, como a familiar e profissional.
Cristiano Costa, psicólogo clínico e organizacional, e diretor de conhecimento (CKO) da Empresa Brasileira de Apoio ao Compulsivo (EBAC) fez um alerta em relação ao tema.
"É importante buscar auxílio profissional o quanto antes, e, não hesitar em contar com o apoio da família, já que muitas vezes o compulsivo não enxerga o quanto o jogo afeta sua vida", destacou o profissional.
O fácil acesso a plataformas de entretenimento tem sido pauta de muitos debates, principalmente quando o tema é o vício em jogos, que já é uma grande realidade. O Brasil tem, em média, dois milhões de viciados em jogos, de acordo com o Departamento de Psiquiatria da USP. Um levantamento do Instituto Locomotiva indica que 52 milhões de pessoas já apostaram na modalidade ao menos uma vez.
(Foto: Reprodução/Instagram)
