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Romário, ex-Vila, assume erro e diz estar arrependido de manipulação na Série B

Romário, ex-Vila, assume erro e diz estar arrependido de manipulação na Série B

Josias Pereira Josias Pereira
Romário, ex-Vila, assume erro e diz estar arrependido de manipulação na Série B
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Romário, ex jogador do Vila Nova de Goiás, e investigado pelo Ministério Público como um dos quatro jogadores envolvidos na tentativa de manipulação de resultados na última rodada do Campeonato Brasileiro da Série B de 2022, deu detalhes sobre o esquema. Em entrevista ao ge, na última segunda-feira (6), o meio-campo, de 20 anos, assumiu ter recebido R$ 5 mil de um apostador aliciador e se diz arrependido por estar envolvido no esquema de apostas.

De acordo com o Ministério Público de Goiás (MP-GO), três atletas estão sendo investigados por, supostamente, terem aceitado cometer um pênalti na última rodada do Brasileiro da Série B do ano passado. Além de Romário, Mateusinho, que, à época, jogava no Sampaio Corrêa e hoje está no Cuiabá, e Joseph, jogador do Tombense, também estão indiciados. Vale lembrar que Mateusinho e Joseph cometeram pênaltis nas partidas de suas equipes, contra Londrina e Criciúma, respectivamente. Gabriel Domingos, do Vila Nova, também está sendo investigado, mas por outro motivo, por ter emprestado a conta para Romário receber o depósito dos apostadores.

Apesar de assumir ter tido contato com o suposto aliciador - Bruno Lopez de Moura, preso e solto após habeas corpus -, Romário nega que tenha aceitado cometer o pênalti, pois não estava mais inscrito no Campeonato Brasileiro, após tentativa de negociação com os Emirados Árabes. No entanto, Romário revela a participação de outro jogador no esquema, Gabriel Domingos, que também teria recebido mensagens de Bruno.

A operação "Penalidade Máxima", comandada pelo MP-GO apontou que o valor de R$ 10 mil, era somente a entrada do combinado, já que os jogadores receberiam R$ 140 mil após a rodada, totalizando R$ 150 mil para cada atleta envolvido.

Romário disse que sua "única participação" foi ter passado o telefone de outros jogadores do Vila Nova para Bruno, considerando que ele não poderia atuar pela equipe goiana. O atleta afirmou ainda que Gabriel Domingos não somente emprestou a conta, e que estava ciente do acordo, com o valor da entrada sendo  dividido entre os dois, com cada um levando R$ 5 mil.

“Meu erro foi ter aceitado o dinheiro deles. A todo momento eu falava para eles que não iria fazer, até porque eu não poderia jogar. Eu tinha ido para os Emirados e quando voltei, a janela estava fechada. Falei isso para eles. Continuaram insistindo e mandaram eu passar contatos de outros jogadores do Vila. Essa foi minha participação. Um dia ele (Bruno) me ligou à noite falando disso (cometer pênalti). Eu falei que não iria fazer. No outro dia, apareceu o Bruno. Eu passei o número de outro jogador do Vila, que era o Domingos. Não sei o que os dois conversaram. Recebi uma parte só por ter passado o contato para ele. Eu não recebi R$ 10 mil. Recebi R$ 5 mil. Ele (Bruno) antecipou R$ 10 mil. R$ 5 mil ficou para mim e R$ 5 mil foi para o Domingos. De começo, ele (Bruno) conversou comigo sem saber que eu não poderia jogar. Falou que mandaria R$ 10 mil de sinal e depois pagaria R$ 140 mil. Ao todo, era R$ 150 mil.”

Romário, no entanto, nega ter aceitado cometer o pênalti, apesar de estar ciente de como o esquema funcionava. O jogador disse que acha ser possível cometer pênalti sem parecer que foi proposital, mas que isso depende do caráter da pessoa. O atleta afirmou também que nunca cometeu qualquer infração proposital, seja pênalti, escanteio ou recebimento de cartão amarelo, negando ter participado de qualquer esquema de manipulação de jogos. Questionado sobre se Domingos havia aceitado participar do esquema, Romário afirmou que, embora tenha participado de uma chamada de vídeo com o atleta e com Bruno, onde teria “só ouvido”, não teve acesso às conversas entre eles, para saber se Domingos aceitou participar.

“Ele (Bruno) chegou a me mostrar vídeo de outros atletas fazendo. Só que hora nenhuma eu aceitei fazer isso. Sempre falei que não iria fazer, tanto é que eu não poderia jogar. Eles já sabiam que eu não podia jogar. Meu erro foi passar o contato de jogadores do Vila para ele. Passei de vários. Não foi só do Domingos. Só que ele (Bruno) foi logo no Domingos.”

Questionado sobre se teria cometido o pênalti, se estivesse em campo naquele dia, e recebido os R$ 150 mil, Romário negou, e disse que “em hora nenhuma passou aperto financeiro, ou dificuldade muito alta, ao nível de fazer isso.”. Além de ter afirmado que foi a primeira vez que recebeu contato de um apostador.

“Acho que não. Pela história que tenho no Vila, acho que eu não faria. Eu só estava grilado no momento porque não estava jogando, mas acho que eu não teria aceitado.

Romário disse ainda acreditar que a relação entre apostas e futebol nunca deu certo, nem nunca vai dar. Apesar disso, o jogador disse que aposta bastante, mas só em equipes de fora, da Espanha. Além disso, falou também que não aposta em escanteios ou pênaltis, somente em quem vai ganhar o jogo.

O atleta disse ainda que em nenhum momento ficou tentado a participar do esquema de manipulação proposto por Bruno e, que mesmo após ter gastado o sinal recebido, devolveu ao suposto aliciador:

“Não. Eu já tinha falado que não iriar fazer. Ele fez a proposta, mas eu disse que não. Aí ele aumentava, pulava para R$ 200 mil. Eu continuava falando que não iria fazer. Aí foi quando ele pediu o contato de algum jogador do Vila e eu mandei para ele. E eu repassei de volta para o Bruno o sinal. Eu já tinha gastado, mas mandei algumas mensagens, recolhi um dinheiro e devolvi para o Bruno. Mas aí ele ficou fazendo ameaças pelo valor que ele perdeu na aposta. Ele fala que ganharia milhões. O valor que ele estava me cobrando era R$ 500 mil, que ele usou na aposta.”

Romário termina a entrevista afirmando que tem medo que algo aconteça com sua família, fala que está sem jogar, que ele e os familiares só ficam dentro de casa por temor da cobrança dos aliciadores, e que chegou a ir para o interior para se proteger. O atleta diz que espera ser julgado inocente, e recuperar sua carreira, além de citar uma proposta recebida de uma equipe de Portugal. Além disso, cita que os outros jogadores envolvidos, Mateusinho e Joseph, estão jogando normalmente, só ele não.

“Espero ser considerado inocente. Não tenho nada a ver. Tem conversas provando que a todo momento eu falei para eles que não iria fazer. Tanto é que nem aconteceu o pênalti. Jogadores que teriam feito estão jogando, e eu estou parado. Veio tudo para cima de mim. Fui considerado o cara da aposta, mas não tenho a ver. Estou novo ainda. Posso voltar depois do que o juiz decretar, se vou pegar punição ou não. Acredito que não pego punição. E devo continuar minha carreira.”

Romário termina falando que se arrepende bastante de tudo que aconteceu e que era para ele estar jogando no Vila Nova até hoje.

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