Na última semana, oito jogadores foram denunciados pelo MP-GO, e agora todos são considerados réus, com uma possível condenação podendo chegar a 6 anos de prisão. Os atletas autuados foram Gabriel Domingos e Romário, jogadores do Vila Nova no ano passado; Joseph, do Tombense; e Allan Godói, André Queixo, Mateusinho, Paulo Sérgio e Ygor Catatau, que atuavam pelo Sampaio Corrêa em 2022.
Investigação sobre manipulação avança com ameaça do PCC e combinação nos estaduais
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A operação “Penalidade Máxima”, que teve início com a investigação do Ministério Público de Goiás (MP-GO), sobre supostas tentativas de manipulação na última rodada do Campeonato Brasileiro da série B do ano passado, teve um novo capítulo ontem. Em áudios divulgados em programas da TV Globo no último domingo (19), é possível ouvir a tentativa de um jogador de convencer os companheiros de time para o esquema, além de ameaças do provável aliciador. No entanto, o mais impactante foi a indicação de que pode ter havido tentativa de manipulação de resultados esse ano, nos campeonatos Mineiro e Gaúcho da série A de 2023.
Nas gravações que fazem parte das investigações, Bruno Lopez Moura, um dos supostos chefes do esquema, que foi preso e solto após um habeas corpus, aparece ameaçando Romário. O possível aliciador afirma que um dos envolvidos no esquema era do PCC (Primeiro Comando da Capital), organização criminosa de São Paulo. O advogado de Bruno, no entanto, nega que seu cliente seja parte de uma organização criminosa.
"Ninguém é de apavorar ninguém. Só que o cara é do Primeiro Comando, o cara é o certo pelo certo. A partir do momento que ele perder 50 centavos, ele já vai atrás com dois pés na porta. Agora, imagina R$ 500 mil.", - ameaçou Bruno.
Vale lembrar que o que se sabe até agora é que o acordo previa que três atletas (Romário, Mateusinho e Joseph), cometessem pênaltis no primeiro tempo de seus jogos na última rodada do Brasileiro B de 2022. Nas partidas entre Sampaio Corrêa e Londrina, e entre Criciúma e Tombense, ocorreram os pênaltis, aos 25’ e aos 34’, respectivamente. No entanto, no jogo entre Vila Nova e Sport, o trato não foi cumprido, já que Romário não foi relacionado para a partida.
Ainda, nas gravações, Romário e o seu companheiro de fraude, segundo as investigações, o atleta Gabriel Domingos, tentaram persuadir Riquelme, Jean Cândido, Wiliam Formiga e Van Basty a participarem do esquema, mas todos recusaram a proposta, com ofertas de valores entre R$ 50 e R$ 200 mil. De acordo com a investigação, Romário chegou a oferecer "vantagem indevida de até R$ 200 mil para quem cometesse pênalti no primeiro tempo", mas ninguém aceitou, a partida terminou 0 a 0, sem penalidades, e o grupo ficou no prejuízo.
“Então, é muito mais fácil, irmão, você pegar e arrumar um jogador para fazer a parada amanhã. Amanhã é a última rodada, ninguém tem nada a perder, certo? Arruma um cara para fazer. Até mesmo você se fortalece, ganha uma comissão.”, - incentiva o acusado de ser o chefe do grupo, Bruno Moura.
Pelo trato, Romário recebeu R$ 10 mil antes da partida e receberia mais R$ 140, caso o pênalti fosse cometido. No entanto, o jogador não ter sido relacionado para a partida, e a impossibilidade de conseguir um companheiro que cumprisse a tarefa, fez o atleta recorrer ao presidente do Vila Nova, Hugo Jorge Bravo. Hugo também é policial, e se disponibilizou a ajudar, com o intuito de deflagrar o esquema, que vem sendo descoberto e revelado aos poucos, desde então.
As gravações mostram também uma comemoração da performance de Joseph, da Tombense, que cometeu a penalidade combinada, entre Bruno Moura e outro aliciador:
“Vamos Joseph!! Cachorro do Mangue!! hahaha.” - comenta Bruno. “Esse é sanguinário. Tem que pagar com gosto.” - celebrou outro dos aliciadores.
No entanto, como só foram cometidas duas, das três penalidades solicitadas, Joseph também só recebeu a primeira parte pelo serviço, de R$ 10 mil.
O advogado de Bruno, Ralph Fraga, nega que seu cliente seja chefe de uma organização criminosa e que tenha ameaçado o jogador Romário:
"O Bruno absolutamente nega a existência de uma organização. Não existe de fato núcleos autônomos, que seriam responsáveis por determinadas funções, como é mencionado pelo Ministério Público. O Bruno não aponta em momento nenhum, pelo contrário, nega a existência de sócios, pessoas efetivamente ligadas a ele para qualquer atitude ilícita, como também ele. Ele afirma veementemente a inexistência de uma chefia por sua parte."
No entanto, entre as provas colhidas, há um elemento novo: há diálogos de Bruno que indicam a tentativa de manipulação de resultados em jogos de campeonatos estaduais de 2023. No material apreendido, é levantada a hipótese de irregularidade nos Campeonatos Mineiro e Gaúcho:
“O Mineiro para amanhã já está fechado. E o Gaúcho para segunda também.” - afirma Bruno.
A data da mensagem não foi revelada, e os responsáveis pela investigação ainda não confirmaram se houve, de fato, manipulação nas competições citadas.