Denunciante da manipulação defende limitar apostas apenas a resultados de jogos
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Na primeira audiência pública da CPI sobre a manipulação de resultados no futebol envolvendo apostas esportivas, os convidados ao debate apontaram a necessidade de medidas legais para coibir esse tipo de crime. Presidente do Vila Nova, e primeiro a denunciar os esquemas fraudulentos ao Ministério Público, Hugo Jorge Bravo considera crucial que a lei proíba apostas em eventos isolados das partidas, como cartões amarelos ou vermelhos e pênaltis. Para ele, as apostas devem ser feitas somente considerando o resultado dos jogos.
Proibição de apostas em torneios menores e de base
Além de defender a proibição de apostas em eventos isolados das partidas, de acordo com o dirigente, campeonatos pequenos e sem muita expressão, como os das categorias de base, também não deveriam ser objeto de apostas.
“É importante que os senhores tenham uma sensibilidade de restringir alguns eventos que são objeto de apostas. Nós não podemos imaginar que um campeonato sub-20 do Acre seja objeto de apostas de pessoas que estão em qualquer lugar do mundo, nós não podemos imaginar que cartões amarelos possam ser objeto de aposta, nós não podemos imaginar que pênalti no primeiro tempo pode ser objeto de aposta, porque toda e qualquer ação individual vai facilitar a corrupção.”, disse Hugo Jorge Bravo.
Pedido de investigação de jogo que evitou queda da Chapecoense à Serie C
Ainda, Bravo cobrou uma investigação sobre a partida entre Chapecoense e Náutico, pela penúltima rodada da Série B de 2022, que aconteceu no dia 29 de outubro do ano passado. O dirigente disse que há indícios de que houve manipulação no jogo. Na partida, a Chapecoense venceu por 1 a 0, com gol marcado de pênalti, e se livrou do risco de rebaixamento à Série C da competição nacional.
"Tenho certeza absoluta de que (o Náutico) foi sacaneado por apostadores, desafio qualquer um dos senhores deputados. Eu não posso ser incoerente e injusto, mas não posso deixar de falar que o pênalti que aconteceu em Chapecoense e Náutico tem que ser objeto de análise dessa casa", afirmou Hugo Jorge Bravo.
Vale destacar ainda que, dias após a partida, o ex-jogador Kuki, do Náutico, que hoje integra a comissão técnica do clube, disse que o jogo teria sido comprado.
Penalidade Máxima salvando a integridade do futebol nacional
Ainda, o dirigente do Vila Nova destacou a importância da Operação Penalidade Máxima, já que, segundo ele, o futebol brasileiro poderia estar contaminado, caso o Ministério Público de Goiás não tivesse iniciado as investigações. Bravo ainda disse que, se o MP-GO não iniciasse as apurações, os casos de manipulação poderiam ser descobertos apenas daqui a três ou quatro anos, o que resultaria em uma mancha muito maior ao esporte nacional:
"Se fosse daqui (a) quatro, cinco anos, teríamos aquele problema semelhante à (da) febre aftosa, nós teríamos ali o mundo se fechando ao produto brasileiro. Então, essa operação veio num momento muito importante.", disse o dirigente.
Não há motivo para parar os campeonatos
Após o depoimento, que durou 20 minutos, Hugo Jorge Bravo foi questionado por deputados que compõem a CPI das apostas esportivas se há motivos para paralisar o futebol brasileiro. O dirigente foi enfático e garantiu que os casos investigados são isolados, e não representam prejuízo ao esporte em sua totalidade.
"De forma alguma, se tem um momento do campeonato que não vai ter problema, é agora. Só se for maluco para intervir neste momento. O torcedor pode ir tranquilo (para o estádio). Para não desacreditar o futebol brasileiro, eram eventos individuais que não afetaram o resultado da partida.", finalizou.
Palestras para jogadores e delegacia especializada
Ainda, o dirigente explicou que o debate sobre a manipulação de resultados é feito de forma superficial nos clubes de futebol do país. Bravo acredita que, com os escândalos recentes, a abordagem deve mudar, e as diretorias poderão educar jogadores que integram as categorias de base, por meio de conversas e palestras com promotores, por exemplo.
Vale destacar também que, para garantir a integridade do futebol, Bravo sugeriu que seja criada uma delegacia especializada para apurar os casos fraudulentos no esporte brasileiro.
(Foto: MyKe Sena/Câmara dos Deputados)