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O grau de confiança do apostador

O grau de confiança do apostador

Rodrigo Disconzi Rodrigo Disconzi
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artigo de Rodrigo Disconzi da Silva 

Quanto devemos apostar em um jogo? Entre os muitos aspectos analisados em uma aposta, tanto objetivos como subjetivos, esta dúvida é uma das mais difíceis de se ajustar. Decidir o valor ou a quantidade de unidades para investir em um jogo é fundamental na gestão de banca do apostador.

Cada apostador usa critérios próprios para apostar, sendo que a maioria usa a memória para decidir uma aposta. Usa a memória exata e também a memória ”emocional”, ou seja, a sensação de ter vencido ou perdido mais com certas equipes.

Usamos os números das tabelas de pontos, os gols marcados totais, gols em casa e como visitante, desfalques dos times, notícias, motivação, necessidade de vencer, importância do jogo, opiniões de terceiros, etc. Tudo isso fará que o apostador aumente ou diminua sua confiança em uma aposta.

Conforme a sua confiança seja alterada, o apostador costuma alterar o valor final da aposta.

Até aqui tudo bem, e óbvio.

No começo temos a certeza

cerebro artigo


Nosso cérebro consegue reunir rapidamente as informações armazenadas sobre os times e a decisão de qual lado apoiar também é escolhida sem muita dificuldade e de forma quase que automática.

Isso nos ajuda muito, não só nas apostas, mas para executar qualquer tarefa simples do nosso dia-a-dia.

Ao mesmo tempo que nos ajuda, pode também nos atrapalhar por ser uma computação simples e superficial. Muitos estudiosos inclusive recomendam descartar (ou colocar de lado provisoriamente) as nossas primeiras “decisões” mentais tomadas. Eles recomendam tomar as decisões somente após uma reflexão mais aprofundada, colocando para funcionar outras partes do cérebro, não automáticas.

Depois a dúvida

Para uma melhor compreensão de um jogo sugere-se avaliar com calma os dados, olhar o problema sob outros ângulos e sob diferentes perspectivas, testar as possibilidades contrárias, considerar mais possibilidades, aceitar as incertezas, entre outras medidas mitigantes.

Após refletir um pouco, podemos chegar à conclusão que nossa primeira impressão sobre o jogo ou aposta poderia não ser a mais indicada. Caso não encontre nada de errado, a primeira impressão é confirmada e a confiança até pode aumentar.

Um bom caso

click como resolver problemas


O escritor suíço David Niven (no livro Click de 2014) conta uma história curiosa sobre o efeito da confiança nos apostadores e vale a leitura para os nossos interesses. Vou resumir aqui o trecho relevante ao nosso tema com minhas palavras.

Ele conta a situação de um apostador normal de corridas de cavalos em um Jockey que se dirige ao balcão de apostas e é interrompido por um pesquisador que pede para lhe fazer algumas perguntas rápidas.

O pesquisador mostra um cartão com escala numérica de 1 a 7 e pede para ele indicar a chance do cavalo em que ele vai apostar. O pesquisador lembra para o apostador esquecer as previsões de outros: pede a opinião DELE, do apostador.

Ao mesmo tempo, outro pesquisador fazia a mesma pergunta à apostadores diferentes que acabaram de ter apostado no balcão do Jockey.

Os pesquisadores concluíram que os apostadores que respondiam à pergunta APÓS registrarem suas apostas eram 38% mais confiantes.

“Os cavalos deles não ficaram nem um pouco mais velozes. As previsões não mudaram. Nada mudou com exceção de que um grupo estava prestes a efetivar sua decisão e o outro grupo já a tinha efetivado.

O termo sofisticado para isso é Redução de Dissonância Pós-Decisional.

Em termos simples: geralmente temos muitas informações conflitantes disponíveis para nós quando tomamos uma decisão- qualquer decisão. Sabemos que há razões -algumas boas razões- pelas quais devíamos ter feito algumas coisas de maneira diferente. Nós toleramos todo esse conflito antes de fazermos alguma coisa. Mas depois que fazemos, começamos a deixar o conflito para lá. Começamos a desvalorizar a informação que entra em conflito com aquilo que fizemos. Começamos a aumentar a importância das coisas que sustentam nossa decisão.

Infelizmente, a nossa confiança recente não faz com que estejamos mais certos. “

Por um acaso, o mesmo apostador do começo dessa história encontrou o segundo entrevistador após apostar e disse a ele:

- Hey, você pode pedir para o seu amigo mudar minha opção de chance razoável para chance boa?

Conclusão

Acredito que esses estudos sobre o comportamento humano e psicologia possam ser úteis aos apostadores, principalmente no que se refere à tomada de decisão e aos processos que chegamos a elas.

Na prática das apostas esportivas o conselho que fica é: aproveite mais a fase da análise, discuta com seus amigos. Em vez de simplesmente acreditar na opinião formada de terceiros, procure descobrir o que os levou a formarem suas opiniões, o que eles levaram em consideração e qual foi o processo analítico até a conclusão.

E também nas redes sociais, quando seus amigos extremistas defenderem loucamente um lado ou outro em uma discussão política, diga que eles sofrem de Redução de Dissonância Pós-Decisional :)


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