BL, apontado como líder em manipulação, detalha esquema; “ganhamos R$ 720 mil numa rodada”
Apontado como líder do esquema criminoso de manipulação de resultados no futebol brasileiro que buscava o lucro com apostas esportivas,Bruno Lopez falou à revista Veja no mês passado. Bruno, mais conhecido como BL, é jogador de futsal e proprietário de uma empresa que agencia atletas. Ele contou detalhes do esquema e negou ser o líder do grupo, afirmando ser "apenas um intermediador", responsável por contactar os jogadores.
Vale destacar que a terceira fase da Operação Penalidade Máxima, que deflagrou o esquema, se iniciou com mandatos nesta terça-feira (28). Até agora, mais de vinte jogadores envolvidos no esquema de manipulação foram denunciados no âmbito criminal pelo Ministério Público de Goiás, e dez atletas foram afastados ou banidos do futebol pelo Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD).
Dentre eles, está o ex-jogador Romário Hugo dos Santos, o Romarinho, que segue preso ao lado do empresário Thiago Chambó, apontado por BL como o verdadeiro líder da quadrilha. Vale lembrar que Bruno Lopez foi solto após assumir participação no esquema e resolver cooperar com as investigações.
“Confirmei os crimes e assumi meus erros. Toda a verdade já estava no meu celular, mas eu precisava confirmar tudo o que já tinha lá, além de mostrar para todo mundo que eu não era o líder coisa nenhuma", afirmou BL, à Veja.
Bruno confessou que sofreu um golpe de um "parceiro" que afirmou um acordo com um jogador do Atlético Goianiense para manipular uma partida, e acabou no prejuízo de R$ 100 mil. Sendo assim, aliciou mais um atleta e, segundo ele, "conseguimos fazer a primeira aposta que deu certo. Foi o start e ganhamos R$ 720 mil numa rodada". Ainda, BL afirmou que Thiago Chambó citava jogadores famosos no esquema, "como um do São Paulo e outro que tinha jogado muitos anos pelo Corinthians".
“O Thiago tinha as contas nas casas e usava um robô para fazer as apostas. É um sistema que ele disse ter comprado em Dubai e que era operado por um rapaz de apelido 'Nerd' [seu nome é Pedro Rimes da Silva]. O Nerd pegava um grupo de quatro atletas e fazia trinta, quarenta apostas múltiplas e simultâneas. Para não atrapalhar a jogada do robô, o Thiago pedia para ninguém fazer apostas manuais, sob risco de inviabilizar o esquema. Uma vez eu fui tentar fazer uma dessas apostas manualmente e o sistema limitou. Só aí fui entender como o sistema funcionava”, explicou Bruno sobre o esquema, à reportagem da Veja.
Segundo BL, ele foi procurado por pessoas de outro país: "tem muita gente fazendo", afirmou. Segundo ele, "isso nunca parou”. Ainda, Bruno destacou que decidiu fazer as" apostas por fora", com o ex-jogador Romarinho, para facilitar o recebimento que era complexo com Chambó, mas, segundo ele, "o esquema não deu certo”.
“O Thiago me passava somente os resultados e os valores. Se ele dissesse que rendeu R$ 70 mil, por exemplo, quem garante que não poderia ser mais? Eu não tinha acesso ao recebimento. O Thiago fazia os pagamentos picados, de R$ 20 mil, R$ 30 mil, por dia. Eram saques de várias contas das casas de apostas, mas eu não tinha acesso. Os sinais para os jogadores variavam de R$ 5 mil a R$ 10 mil. As ofertas totais eram de R$ 50 mil, R$ 60 mil. Mas o problema é que os pagamentos demoravam muito. E quando as apostas davam errado ele não pagava. E quem era cobrado era eu", completou Bruno Lopez, à Veja.
Vale destacar que Bruno Lopez afirma ter jogado no sub-17 do Palmeiras, mas o clube nega, Ainda, afirma ter jogado profissionalmente pelo Operário AC-MS, mas o contrato dele como atleta durou apenas uma semana. período em que não houve jogos. BL também manteve um contrato de três meses com o EC São Bernardo, mas nunca entrou em campo no tempo em que esteve no clube. O Globo destacou que ele também é acusado de falsificar a assinatura de uma carta para que um jogador representado por ele treinasse no Corinthians.
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