Relator acusado de cobrar propina já foi questionado sobre ligação com casas de apostas
O relator da CPIFUTE, o deputado federal Felipe Carreras (PSB/PE), que teria pedido uma propina de R$ 35 milhões para o presidente da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), Wesley Cardia, para proteger as casas de apostas na CPI e apoiar a regulamentação do setor, já esteve envolvido em outra polêmica envolvendo operadoras. Segundo o Diário do Poder, de Pernambuco, Carreras "tem notórias ligações a empresas de apostas esportivas" e a cobrança de propina de R$35 milhões "não causou surpresa em Pernambuco".
De acordo com o jornal, o deputado é sócio desde 2004 da Festa Cheia, cujos eventos têm sido patrocinados por casas de apostas e que monopolizam festejos na capital pernambucana, já que, segundo eles, "nos últimos 15 anos quase não houve grande evento em Pernambuco sem que a turma de Carreras na Casa Cheia estivesse por trás".
Com formação incompleta em Ciências Contábeis pela Faculdade Católica de Pernambuco, o deputado federal Felipe Carreras foi Secretário Geral do Diretório Central dos Estudantes (DCE) na instituição, em 1996. Foi Secretário de Turismo e Lazer da Prefeitura Municipal de Recife e está em seu terceiro mandato na Câmara, tendo sido eleito pela primeira vez em 2015, todas pelo PSB/PE. No portal da Câmara, o deputado, que foi relator do PL 1153/19, que aprovou a Lei Pelé, se declara empresário.
Vale destacar que, no mês passado, o Metrópoles já havia levantado questionamentos sobre as relações de Carreras com as empresas de apostas, já que a empresa do qual é sócio, produziu o São João de Caruaru, onde o Aposta Ganha foi patrocinador de um dos camarotes. Vale lembrar que o Aposta Ganha é uma das casas de apostas da Associação Nacional de Jogos e Loterias (ANJL), cujo presidente, Wesley Cardia, teria sido abordado por Carreras para o pagamento da propina de R$ 35 milhões.
Cardia, quando esteve presente em audiência na CPI que investiga a manipulação de resultados no futebol brasileiro, informou que não trabalhava no segmento das apostas esportivas antes de assumir a presidência da ANJL, em abril. Ainda, ele declarou que a entidade extinguiu a diretoria anterior, formada por executivos de sites de apostas, para evitar conflitos entre os associados.
Á época, questionado sobre o conflito de interesses, Carreras declarou: “O objeto da CPI é apurar as suspeitas de manipulação de resultados no futebol profissional brasileiro. Esta não é a CPI das Casas de Apostas. Os promotores responsáveis pela Operação Penalidade Máxima, que deu origem à CPI, foram claros ao dizer, em audiência na comissão, que não havia indício de envolvimento das casas de apostas. Eu fiz esse questionamento. Alguém que tivesse conflito jamais faria esse tipo de pergunta.”
Enquanto isso, o presidente da ANJL declarou que a organização só representa seus associados no campo institucional: “a associação não tem ingerência alguma ou conhecimento sobre a política comercial de cada um deles. Não trata, não conhece nem interfere nos aspectos comerciais de patrocínios ou de publicidades dos associados”. Cardia disse que compareceu à comissão sem ter conhecimento sobre o patrocínio pago pela Aposta Ganha ao evento da empresa de Carreras, e que também não via conflito de interesses nem irregularidade em sua participação na CPI.
(Foto: Zeca Ribeiro/Câmara dos Deputados)